quarta-feira, 11 de novembro de 2009

E nessa repetição de estações, meus sapatos estão sendo gastos, cada vez mais
Eu sei que, ainda quero bater muito em você.
Por tudo que me fez.
Achei que possuia dois corações. Enganei-me feio.
Na verdade, não possuia nenhum.
O teu não era meu e o meu, não é mais meu.
Porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência.

(Caio F.)
'Eu peço a Deus tudo o que eu quero e preciso. É o que me cabe. Ser ou não ser atendida - isso não cabe a mim, isso já é matéria-mágica que se me dá ou se retrai. Obstinada, eu rezo. Eu não tenho o poder. Tenho a prece.'


[Clarice Lispector]
E segue seu rumo só.
Não que não queira, mas não tem vontade.
Não que sinta, mas quê.