sábado, 7 de novembro de 2009

-Tô mal...
-Tá, tristinha porque?
-Não tô triste, disse que tô mal.
-Ah ta.

Que mania que as pessoas têm de querer adivinhar as coisas. O ser humano é um bicho burro mesmo, to mal, não é estar triste, nem nada, to mal porque perdi um dedo, to mal porque comi um sanduiche estragado, to mal porque bebi um vidro de remédio. Tem infinitas possibilidades de estar mal e não estar triste.

Tô mal e tô livre.
Foi como se, tivessem aberto a gaiola pra eu voar.
Voar e nunca mais voltar.
Tô mal, não porque deixei passar a oportunidade da minha vida.
Tô mal porque queimei a mão mesmo.
Eu gostaria de ir embora para uma cidade qualquer,
bem longe daqui, onde ninguém me conhecesse, onde
não me tratassem com consideração apenas por eu ser
“o filho de fulano” ou “o neto de beltrano”.
Onde eu pudesse experimentar por mim mesmo as
minhas asas para descobrir, enfim, se elas são realmente
fortes como imagino. E se não forem, mesmo que quebrassem
ao primeiro vôo, mesmo que após um certo tempo eu voltasse
derrotado, ferido, humilhado — mesmo assim restaria o consolo
de ter descoberto que valho o que sou."



"Mal-me-quer, pensou com tristeza, vendo a última pétala.
Depois lembrou que não tinha pensado em ninguém, e ficou
alegre outra vez. "


Caio Fernandinho Abreu.
I like.

Mais Caio Fernando. Mais uma parte de mim[2]

"Agora me tornarei uma pessoa daquelas
que se cuidam para não se envolver.
Já tenho um passado, tenho tanta história.
Meu coração está ardido de meias-solas.
Sei um pouco das coisas? Acho que sim.
Tive tanta taquicardia hoje.
Estou por aí, agora..."
"...não, não estou desesperada, não mais do que sempre estive, nothing special, baby, não estou louca nem bêbada, estou é lúcida pra caralho e sei claramente que não tenho nenhuma saída, ah não se preocupe, meu bem, depois que você sair tomo banho frio, leite quente com mel de eucalipto, gin-seng e lexotan, depois deito, depois durmo, depois acordo e passo uma semana a banchá e arroz integral, absolutamente santa, absolutamente pura, absolutamente limpa, depois tomo outro porre, cheiro cinco gramas, bato o carro numa esquina ou ligo para o cvv às quatro da madrugada e alugo a cabeça dum panaca qualquer choramingando coisas tipo preciso-tanto-uma-razão-para-viver-e-sei-que-essa-razão-só-está-dentrode-mim-bababá-bababá e me lamurio até o sol pintar atrás daqueles edifícios sinistros, mas não se preocupe, não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar, tem coisa mais autodestrutiva do que insistir sem fé nenhuma? "
Pra falar a verdade tenho sentido muita raiva. Raiva das coisas estarem como estão , de eu não estar com você. Eu sinto uma puta falta sua, mesmo. Não é que eu lembre de você uma vez ou duas no dia e sinta saudades, eu simplesmente não esqueço de você em nenhum momento do dia e fico querendo que você esteja comigo em qualquer tipo de situação. Sinto raiva de como , mesmo com esse calor todo, a coisa que eu mais queria era ficar abraçada com você. Abraçar você é realmente muito bom, engraçado como eu sinto o mesmo frio na espinha desde a primeira vez que ganhei seu abraço.
Eu nem consigo mais ficar fingindo que eu estou bem e que eu acredito que logo va passar. Eu não estou bem , nem um pouco e se vai passar ou não eu não sei , mas sei que, se vai, eu espero poder ficar com alguma coisa sua em mim.




Romã Duarte  mas Podeira ser Miss Lexotan
Não te preocupa.
O que acontece é sempre natural — se a gente tiver que se encontrar, aqui ou na China, a gente se encontra.



Caiozinho.
"Ou me quer e vem, ou não me quer e não vem.
Mas que me diga logo pra que eu possa desocupar o coração.
Avisei que não dou mais nenhum sinal de vida.
E não darei. Não é mais possível.
Não vou me alimentar de ilusões.
Prefiro reconhecer com o máximo de tranqüilidade possível
que estou só do que ficar a mercê de visitas adiadas,
encontros transferidos.."
Uma mulher não perdoa uma única coisa no homem:
que ele não ame com coragem.
Pode ter os maiores defeitos, atrasar-se para os compromissos ...
Qualquer coisa é admitida, menos que não ame com coragem.
Amar com coragem não é viver com coragem.
É bem mais do que estar aí.
Amar com coragem não é questão de estilo, de opinião.
Amar com coragem é caráter.
Vem de uma incompetência de ser diferente.
Amar para valer, para dar torcicolo.
Não encontrar uma desculpa ou um pretexto para se adaptar.
Não usar atenuantes como “estou confuso”.
Amar com fúria, com o recalque de não ter sido assim antes.
Amar decidido, obcecado,
como quem troca de identidade e parte a um longo exílio.
Amar como quem volta de um longo exílio.
Amar quase que por, por bebedeira,
Amar desavisado . Amar desatinado, pressionando,
a amar mais do que é possível lembrar.
Amar com coragem, só isso.
                      Ela entrou com receio, sentou-se na poltrona 3, e ficou se ajeitando. Parou,olhou pros lados e perguntou à minha colega de banco:
                     -Moça, é este o ônibus que vai pra Porto Alegre?
                     -Não, este vai parar na garagem!
                     -Mas como este ônibus não vai pra Porto Alegre, tem que ir pra Porto Alegre!
                     Eu intervi, pois sabia que a minha colega de banco iria parar na garagem, pensei em dizer "de fato, este ônibus vai parar na garagem em Porto Alegre é a última parada dele..." , mas, naquele dia não estava sarcástica..Então, vendo o desespero da moça, eu falei:
                    -Moça, este ônibus vai à Porto Alegre sim, só ela que vai parar na garagem aqui na saída da cidade.
                   Ela sorriu e agradeceu:
                   -Obrigada. Tu vai à Porto Alegre também?
                  -Não, eu não vou. Eu Paro em São Leopoldo.
                  -Ah.


                 Se ela chegou lá eu não sei, mas informada foi. Segue teu rumo camarada.

Mais Caio Fernando. Mais uma parte demim

"Quando partiu, levava as mãos no bolso, a cabeça erguida. Não olhava para trás, porque olhar para trás era uma maneira de ficar num pedaço qualquer para partir incompleto, ficado em meio para trás. Não olhava, pois, e, pois não ficava. Completo, partiu."
Eu não bebi e tô bem..
Eu não fumei e tô bem..
Eu não chorei e tô bem..
Eu não namorei e tô bem..
Eu não comi e tô bem..
Eu não cherei e tô bem..

Eu não brisei e tô bem..
Eu não equeci e tô bem..
Eu não saí e tô bem..
Eu não liguei e tô bem..
Eu não cheguei e tô bem..


Eu não vivi e tô bem..
Eu não morri e tô mal.
era só uma fase...uma estação, tipo a primavera....eu não gosto da primavera...logo, não gostava de nós dois juntos.
Ela estava sentindo que era um novo tempo..
Um novo ar..
Uma mudança repentina desavisada.
Queria ter deixado tudo pra trás, mas levava consigo...
E gostaria que aquele mais novo sonho se realizasse algum dia.
Estava com boa impressão sobre esse certo sonho.
E sentiu que, em algum momento dessa nova era, iria se dar bem..
De
repente
pa!
Novo
sonho.
Novo
estilo
de
vida.
Novo
'amor'.

Uma
nova
postagem.
"Resta esta história que conto, você ainda está me ouvindo? Anotações soltas sobre a mesa, cinzeiros cheios, copos vazios e este guardanapo de papel onde anotei frases aparentemente sábias sobre o amor e Deus, com uma frase que tenho medo de decifrar e talvez, afinal, diga apenas qualquer coisa simples feito: nada disso existe.

Nada, nada disso existe.

Então quase vomito e choro e sangro quando penso assim. Mas respiro fundo esfrego as palmas das mãos, gero energia em mim. Para manter-me vivo, saio à procura de ilusões como o cheiro das ervas ou reflexos esverdeados de escamas pelo apartamento e, ao encontrá-los, mesmo apenas na mente, tornar-me então outra vez capaz de afirmar, como num vício inofensivo: tenho um dragão que mora comigo. E, desse jeito, começar uma nova história que, desta vez sim, seria totalmente verdadeira, mesmo sendo completamente mentira. Fico cansado do amor que sinto, e num enorme esforço que aos poucos se transforma numa espécie de modesta alegria, tarde da noite, sozinho neste apartamento no meio de uma cidade escassa de dragões, repito e repito este meu confuso aprendizado para a criança-eu-mesmo sentada aflita e com frio nos joelhos do sereno velho-eu-mesmo:

- Dorme, só existe o sonho. Dorme, meu filho. Que seja doce.

Não, isso também não é verdade."
“Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa.  [...] E se ela se afogar, se recupera. [...] E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça – que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca – levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário…por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.”
[Caio Fernando Abreu]

Eu te desprezo

Te desprezo como um preso despreza a vida lá fora.
Te desprezo com todos os meus dentes.
Desprezo forte, muito forte.
Se desprezasse menos, não poderia escrever-te mais uma palavra.
Se desprezasse mais, poderia subir a escada sem pensar em ti.
Eu desprezo, desprezo sim.
Desprezo tudo que vem de ti, desprezo o teu cheiro também.
Eu desprezo cada segundo que tu respiras,
desprezo o meu peito quando foi teu, desprezo o teu amor fingido.
Eu desprezo-te com toda a minha voz,
com o meu coração, com tudo, tudo, tudo que há em mim.
Te desprezo tanto, não vês?
-Hey José, nem vem...disseste que outro não aproveitou a metade da laranja...Você, ah, você não aproveitou nem sequer 1/4 dela. Agora fica aí. É bem onde merece estar.