quarta-feira, 31 de março de 2010

Outro dia, fiquei pensando no mundo sem mim. Há o mundo continuando a fazer o que faz. E eu não estou lá. Muito estranho. Penso no caminhão do lixo passando e levando o lixo e eu não estou lá. Ou o jornal jogado no jardim e eu não estou lá para pegá-lo. Impossível. E, pior, algum tempo depois de estar morto, vou ser verdadeiramente descoberto. E todos aqueles que tinham medo de mim ou que me odiavam quando eu estava vivo vão subitamente me aceitar. Minhas palavras vão estar em todos os lugares. Vão se formar clubes e sociedades. Será nojento. Será feito um filme sobre minha vida. Me farão muito mais corajoso e talentoso do que sou. Muito mais. Será suficiente para fazer os deuses vomitarem. A raça humana exagera tudo: seus heróis, seus inimigos, sua importância”.


Bokowski
Eu era pobre e ficaria pobre. Mas eu não queria particularmente dinheiro. Eu sequer sabia o que desejava. Sim, eu sabia. Queria algum lugar para me esconder, um lugar em que ninguém tivesse que fazer nada. O pensamento de ser alguém na vida não apenas me apavorava mas também me deixava enojado. Pensar em ser um advogado ou um professor ou um engenheiro, qualquer coisa desse tipo, parecia-me impossível. Casar, ter filhos, ficar preso a uma estrutura familiar. Ir e retornar de um local de trabalho todos os dias. Era impossível. Fazer coisas, coisas simples, participar de pique-niques em família, festas de Natal, 4 de Julho, Dia do Trabalho, Dia das Mães..., afinal, é para isso que nasce um homem, para enfrentar essas coisas até o dia de sua morte? Preferia ser um lavador de pratos, retornar para a solidão de um cubículo e beber até dormir.” 


Bukowski

terça-feira, 30 de março de 2010

Sonho

               ''Duas horas da manhã e ela já não queria estar ali''. Ao ler essa frase, jogou o livro para o lado, com irritação. Ele era assim, se não gostava da primeira frase de um livro, não se dava ao trabalho de ler o resto. Estava sozinho em casa, procurando por algo para fazer, sem sucesso. Havia até mesmo tentado ler o último livro da moda, mas o detestou. Seus pais estavam fora, haviam ido num jantar ou algo assim. Não prestara atenção no que eles haviam dito. É claro, estava apenas retribuindo o favor.
                 Sua gata havia morrido um mês antes, então sua única companhia eram os ruídos estranhos vindos das partes mais remotas do apartamento. Normalmente mataria tempo desenhando e caminhando de um lado para o outro no apartamento, porém naquela noite não. Não conseguia mais fazer isso, depois do que havia visto meses antes. Se levantou do sofá e observou a estante cheia de livros. Já havia lido a maioria, menos algumas coletâneas do Edgar Allan Poe, e aquela não era a hora para elas. Resolveu ir a seu quarto tentar dormir.
                Chegou à porta do quarto e a abriu. A gata saiu do quarto, passando rápido pelas pernas do garoto. Entrou e sentou-se na cama. Viu o computador ligado mas não quis usá-lo. O monitor era a única fonte de luz do pequeno aposento. Era uma noite sem lua, sem estrelas, por isso nem mesmo da janela aberta vinha alguma iluminação. Ouviu o som de uma porta abrindo e logo depois fechando, seguido pelo ruído de passos lentos. "Meus pais devem ter chegado", pensou. Mas estava silencioso demais. "Minha mãe deve ter dormido no carro e meu pai está carregando ela", se enganava o garoto,''por isso os passos estão lentos''. As passadas começaram a aproximar-se do quarto. Seus pais não dormiam para aquele lado. ''Talvez eles só queiram me dar boa noite'', o guri tentava se fazer acreditar, porém eles nunca faziam isso. De todas as maneiras possíveis ele tentava fingir não saber quem realmente era. Ele não queria saber. Continuou sentado na cama, tremendo, observando ansioso o corredor escuro. Deixou a porta aberta, um pouco por teimosia, um pouco por medo de sair do lugar. Os passos continuavam num ritmo lento, arrastado.
                A espera era agonizante. Então surgiu em frente ao quarto uma figura de uma mulher. Ruiva, usando um vestido branco do século passado. Em seu rosto se via uma expressão que ao mesmo tempo beirava o terror e mostrava indiferença. Sua pele era tão branca quanto o vestido, os cabelos contrastavam com o rosto de maneira bizarra, eram de um vermelho claro que de alguma maneira lembrava sangue. Seus olhos esbugalhados, aterrorizados, hipnotizadores, tão escuros quanto a escuridão do corredor. Ela olhou-o por um momento que pareceu se arrastar por horas de forma torturante, os dois se fitaram sob a luz fraca do monitor. Ela então se voltou para frente e continuou caminhando, da mesma forma demorada e ritmada, até o som de seus passos sumirem dentro do apartamento.
             O garoto, ainda tremendo, só tomou coragem para levantar cerca de uma hora depois. Ligou a luz, fechou a porta, lamentando não ter feito isso antes, e se deitou na cama. "Foi só um sonho", repetia para si mesmo em voz alta, "assim como da outra vez".
            "Foi só um sonho".



-André Arieta-

segunda-feira, 29 de março de 2010

Nem tudo que se diz certo foi sempre certo.
Nem tudo que é errado realmente é errado.

domingo, 28 de março de 2010

Eu preciso de ti. Perto, longe, tanto faz. Preciso saber que tu está bem, se respira, se comeu ou tomou banho - com o calor que está fazendo neste verão, tome pelo menos uns três ao dia, e pense em mim, estou com calor também. Me faz bem pensar nessas atividades corriqueiras, que supostamente você está fazendo. Ah, e eu estou te esperando, com meu vestido curto, óculos escuros grandes e meu coração pulsando forte, e te abraçar até sentir o mundo girar apenas para nós. É, eu gosto muito de ti.

Caio Fernando Abreu

sábado, 27 de março de 2010

Já enganei muita gente, já dei confiança a quem não devia.
Mais desço do que subo, mais mergulho do que voo.
Já passa da
meia-noite e
eu estou aqui.
Esperando feito louco
alguém que não
vai se conectar.

Que foda-se tudo.
Que exploda-se o
mundo.

sexta-feira, 26 de março de 2010

"Nos outros eu sei onde se abriga o coracão, é no peito; em mim a anatomia ficou toda louca, eu sou todo coração."


 (Maiakovski)

quinta-feira, 25 de março de 2010

"Eu sempre acho que cansei de ti, de mim, mas ai vem o amor e revigora."



(Cecília H.)

terça-feira, 23 de março de 2010

Carta para Maria da Graça

Agora, que chegaste à idade avançada de 15 anos, Maria da Graça, eu te dou este livro: Alice no País das Maravilhas. Este livro é doido, Maria. Isto é: o sentido dele está em ti. Escuta: se não descobrires um sentido na loucura acabarás louca. Aprende, pois, logo de saída para a grande vida, a ler este livro como um simples manual do sentido evidente de todas as coisas, inclusive as loucas. Aprende isso a teu modo, pois te dou apenas umas poucas chaves entre milhares que abrem as portas da realidade.
A realidade, Maria, é louca. Nem o Papa, ninguém no mundo, pode responder sem pestanejar à pergunta que Alice faz à gatinha: "Fala a verdade Dinah, já comeste um morcego?" Não te espantes quando o mundo amanhecer irreconhecível. Para melhor ou pior, isso acontece muitas vezes por ano. "Quem sou eu no mundo?" Essa indagação perplexa é lugar-comum de cada história de gente. Quantas vezes mais decifrares essa charada, tão entranhada em ti mesma como os teus ossos, mais forte ficarás. Não importa qual seja a resposta; o importante é dar ou inventar uma resposta. Ainda que seja mentira. A sozinhez (esquece essa palavra que inventei agora sem querer) é inevitável. Foi o que Alice falou no fundo do poço: "Estou tão cansada de estar aqui sozinha!" O importante é que ela conseguiu sair de lá, abrindo a porta. A porta do poço! Só as criaturas humanas (nem mesmo os grandes macacos e os cães amestrados) conseguem abrir uma porta bem fechada ou vice-versa, isto é, fechar uma porta bem aberta. Somos todos tão bobos, Maria.
Praticamos uma ação trivial, e temos a presunção petulante de esperar dela grandes conseqüências. Quando Alice comeu o bolo e não cresceu de tamanho, ficou no maior dos espantos. Apesar de ser isso o que acontece, geralmente, às pessoas que comem bolo. Maria, há uma sabedoria social ou de bolso; nem toda sabedoria tem de ser grave.
A gente vive errando em relação ao próximo e o jeito é pedir desculpas sete vezes por dia: "Oh, I beg your pardon" Pois viver é falar de corda em casa de enforcado. Por isso te digo, para tua sabedoria de bolso: se gostas de gato, experimenta o ponto de vista do rato. Foi o que o rato perguntou à Alice: "Gostarias de gato se fosses eu?"
Os homens vivem apostando corrida, Maria. Nos escritórios, nos negócios, na política, nacional e internacional, nos clubes, nos bares, nas artes, na literatura, até amigos, até irmãos, até marido e mulher, até namorados todos vivem apostando corrida. São competições tão confusas, tão cheias de truques, tão desnecessárias, tão fingindo que não é, tão ridículas muitas vezes, por caminhos tão escondidos, que, quando os atletas chegam exaustos a um ponto, costumam perguntar: "A corrida terminou! mas quem ganhou?"
É bobice, Maria da Graça, disputar uma corrida se a gente não irá saber quem venceu. Se tiveres de ir a algum lugar, não te preocupe a vaidade fatigante de ser a primeira a chegar. Se chegares sempre onde quiseres, ganhaste.
Disse o ratinho: "A minha história é longa e triste!" Ouvirás isso milhares de vezes. Como ouvirás a terrível variante: "Minha vida daria um romance". Ora, como todas as vidas vividas até o fim são longas e tristes, e como todas as vidas dariam romances, pois o romance só é o jeito de contar uma vida, foge, polida mas energeticamente, dos homens e das mulheres que suspiram e dizem: "Minha vida daria um romance!" Sobretudo dos homens. Uns chatos irremediáveis, Maria.
Os milagres sempre acontecem na vida de cada um e na vida de todos. Mas, ao contrário do que se pensa, os melhores e mais fundos milagres não acontecem de repente, mas devagar, muito devagar. Quero dizer o seguinte: a palavra depressão cairá de moda mais cedo ou mais tarde. Como talvez seja mais tarde, prepara-te para a visita do monstro, e não te desesperes ao triste pensamento de Alice: "Devo estar diminuindo de novo" Em algum lugar há cogumelos que nos fazem crescer novamente.
E escuta a parábola perfeita: Alice tinha diminuido tanto de tamanho que tomou um camundongo por um hipopótamo. Isso acontece muito, Mariazinha. Mas não sejamos ingênuos, pois o contrário também acontece. E é um outro escritor inglês que nos fala mais ou menos assim: o camundongo que expulsamos ontem passou a ser hoje um terrível rinoceronte. É isso mesmo. A alma da gente é uma máquina complicada que produz durante a vida uma quantidade imensa de camundongos que parecem hipopótamos e rinocerontes que parecem camundongos. O jeito é rir no caso da primeira confusão e ficar bem disposto para enfrentar o rinoceronte que entrou em nossos domínios disfarçado de camundongo.
E como tomar o pequeno por grande e grande por pequeno é sempre meio cômico, nunca devemos perder o bom-humor. Toda a pessoa deve ter três caixas para guardar humor: uma caixa grande para o humor mais ou menos barato que a gente gasta na rua com os outros; uma caixa média para o humor que a gente precisa ter quando está sozinho, para perdoares a ti mesma, para rires de ti mesma; por fim, uma caixinha preciosa, muito escondida, para grandes ocasiões. Chamo de grandes ocasiões os momentos perigosos em que estamos cheios de dor ou de vaidade, em que sofremos a tentação de achar que fracassamos ou triunfamos, em que nos sentimos umas drogas ou muito bacanas. Cuidado, Maria, com as grandes ocasiões.
Por fim, mais uma palavra de bolso: às vezes uma pessoa se abandona de tal forma ao sofrimento, com uma tal complacência, que tem medo de não poder sair de lá. A dor também tem o seu feitiço, e este se vira contra o enfeitiçado.
Por isso Alice, depois de ter chorado um lago, pensava: "Agora serei castigada, afogando-me em minhas próprias lágrimas". Conclusão: a própria dor deve ter a sua medida: É feio, é imodesto, é vão, é perigoso ultrapassar a fronteira de nossa do, Maria da Graça.

Paulo Mendes Campos

Pablo

              Gostava de se arranhar durante o banho.
              Sua vida vinha sendo perfeita. Amigos, dinheiro, amor e um pouco de hipocrisia.

              Era começo de estação. Outono se não me engano. Naquela noite, foi tomar banho mais cedo. Abriu a gaveta do criado-mudo e retirou uma navalha. Precisava ver como era se depilar com navalha, estava querendo isso desde o verão.Desde o dia anterior, melhor dizendo. Não tinha muita prática com navalhas, pois só usava-as quando ia cortar os cabelos já quase extintos da cabeça.
              Enfim, tomou coragem. Passou a navalha na perna esquerda. Uma legião de pêlos caiu sobre o chão branco. Depois se deu conta que o sabonete tinha acabado. Continuou mesmo assim, sem sabonete. Raspou a outra perna, os braços, a barriga e até entre os seios. Mas ainda faltava a virilha.
              Teve medo. Começou a imaginar que poderia morrer, certo que seria uma morte perfeita, mas isso estava fora de cogitação. Mesmo assim, viu-se no chão, toda ensanguentada.
             Encarou o medo. Gostava de aventuras. Passou cuidadosamente a lâmina na virilha. Tivera sido mais fácil do que imaginara. Então, seguiu o "ritual": passou xampu nos poucos fios de cabelo que ainda lhe restavam, e aproveitou a mesma espuma para ensaboar-se. Sentiu uma ardência quando a espuma lhe correu na virilha. Olhou para baixo, suas pernas estavam ensanguentadas.
            Sorriu.
            Caiu em desespero. Entrou em choque. No toca-fitas, (sim, ela tinha um toca-fitas no banheiro), Jim Morrison remoía The End. E ela, bem, ela ficou ali parada vendo o seu sangue alagar o piso branco, ao invés de sair pra buscar ajuda. AINDA HAVIA TEMPO. Desligou o chuveiro, sentou-se no chão com dificuldade. Apertou o play e, em questão de segundos, sua vida passou-lhe pelos olhos.
            Pensou em levantar-se. era tarde demais. NÃO HAVIA MAIS TEMPO para a cura. Ou talvez, a cura tivesse acabado de começar.
            O ralo não escoava mais sangue à estas alturas. Restava um último sopro de vida no banheiro branco - agora vermelho. Por um momento, riu. Sua morte estava sendo como pensara há cinco minutos atrás. Porém, com muito mais adrenalina, ou pouca. Ela nunca soube ter opiniões.
            Respirou fundo. Fez uma pausa e largou pras paredes vivas "Eu amei a mim e a você menos que deveria...Mas amei com o que pude, com o que fui capaz." Fechou os olhos e descansou.
           -Uma morte clichê- diria eu. Mas ela era tão original que era até pecado lhe atribuir uma coisa dessas.
           Por fim, restou um toca-fitas desvairado que só tocava uma única música. Uma toalha seca, pendurada na fechadura da porta. Um chão coberto de sangue. Um corpo encostado na parede. Uma mente vazia. E um punhado de sonhos abortados involuntariamente. Ou não.



D.F.

segunda-feira, 22 de março de 2010

O barato.

Sempre achei maior barato, o fato de podermos sentir as superfícies dos corpos. Sempre achei maior barato tocar no teu corpinho de menina, roubar tua ingenuidade.
Sempre TE achei maior barato. E de tão barato que tu era, acabei te vendendo por mais barato que comprei.
Mas era óbvio que eu continuaria seguindo o caminho sem ele.
Era mais que óbvio.
Era preciso.

domingo, 21 de março de 2010

Quem vê, diz que morreu ou algo parecido.
Partiu pra longe, eu sei.
Partiu-se ao meio.
'Acendi um incenso.
No rádio, Chico canta Vai passar.
Sim, vai passar. Passa. Passará.'



Caio F.

sexta-feira, 19 de março de 2010

O meu amor, o meu amor, Maria
É como um fio telegráfico da estrada
Aonde vêm pousar as andorinhas...
De vez em quando chega uma
E canta
(Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá!)
Canta e vai-se embora
Outra, nem isso,
Mal chega, vai-se embora.
A última que passou
Limitou-se a fazer cocô
No meu pobre fio de vida!
No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo:
As andorinhas é que mudam.


Mário Quintana
"Se eu fosse ricalhaço realmente, mandaria esculpir o teu semblante em todas o cimento cinza que tortura um Porto que algum dia foi Alegre. E com a tua face, querida, por todo o canto as pessoas (até as mais tristes) teriam um bom motivo de acordar todas as manhãs e sonhar.
Infelizmente como não tenho quase nenhuma soma escondida no fundo do armário te ofereço do que gozo de mais belo:
os 21 gramas (de minha alma). "

- Natália Anson Lima
Quero ser criança, mulher, homem, et, megera, maluca e, ainda assim, olhada com total reconhecimento de território. Quero sexo na escada e alguns hematomas e depois descanso numa cama nossa e pura. Quero foto brega
na sala, com duas crianças enfeitando nossa moldura. Quero o sobrenome dele, o suor dele, a alma dele, o dinheiro dele (brincadeira...). Que ele me ame como a minha mãe, que seja mais forte que o meu pai, que seja a família que escolhi pra sempre. Quero que ele passe a mão na minha cabeça quando eu for
sincera em minhas desculpas e que ele me ignore quando eu tentar enrolá-lo em minhas maldades. Quero que ele me torne uma pessoa melhor, que faça sexo como ninguém, que invente novas posições, que me faça comer peixe apimentado sem medo, respeite meus enjôos de sensibilidade, minhas esquisitices depressivas e morra de rir com meu senso de humor arrogante. Que seja lindo de uma beleza que me encha de tesão e que tenha um beijo que não desgaste com a rotina.

Tati Bernardi
Às vezes você é tão bobo, e me faz sentir tão boba, que eu tenho pena de como o mundo era bobo antes da gente se conhecer.
Eu queria assinar um contrato com Deus: se eu nunca mais olhar para homem nenhum no mundo, será que ele deixa você ficar comigo pra sempre?
Eu descobri que tentar não ser ingênua é a nossa maior ingenuidade, eu descobri que ser inteira não me dá medo porque ser inteira já é ser muito corajosa, eu descobri que vale a pena ficar três horas te olhando sentada num sofá mesmo que o dia esteja explodindo lá fora.
E quando já não sei mais o que sentir por você, eu respiro fundo perto da sua nuca, e começo a querer coisas que eu nem sabia que existiam.



[Tati Bernardi]
Eu vou esperar a tua ligação numa noite fria de outuno, vou estar com o teu pijama e tomando uma xícara de chocolate quente.

Uma pena eu não gostar de chocolate quente e de usar pijama.
Não sinto mais as sensações, os gostos e os prazeres
Tornei-me tão fria que não consigo mais sentir calor.
'Tudo é questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo. '



[Walter Franco]
"Continuo achando graça nas coisas, gostando cada vez mais das pessoas, curiosa sobre tudo, imune ao vinagre, às amarguras, aos rancores."

[Zélia Gattai]

quarta-feira, 17 de março de 2010


"Virava pra lá e pra cá na cama.
Estava impaciente...
Até me sentei no escuro.
Pensei: Não era uma posição o que eu procurava.
ERA VOCÊ".

Caio Fernando Abreu.
Vezenquando eu vou voltar aqui, numa tarde vazia e fria de outono, com a avenida vazia.
Vou estar com a camisa mal abotoada, vai ficar com um aspecto desleixado porque, a camisa vai ser maior que eu.
Mas eu não vou ligar. Vou deixar alguma música esquecida na memória do celular ficar tocando enquanto vou caminhando na avenida vazia...Quiçá fazendo ziguezagues.
Como num daqueles clipes em que o artista vai cantando a música, eu vou cantar também...de repente, uma multidão vai aparecer e eu vou ficar sozinha no meio daquela gente estranha. Desviando, passando por cima, seguindo reto sempre. Até chegar no final da avenida. Agora não mais vazia.

terça-feira, 16 de março de 2010

segunda-feira, 15 de março de 2010

"(...) também planta girassóis e se alguém lhe perguntasse por que, certamente explicaria, sacudindo as muitas pulseiras de ouro, que é nativa-do-signo-de-Leão-e-os-leoninos-precisam-do-sol-em-todas-as-suas-forças."



Caio F. Abreu

domingo, 14 de março de 2010

'Pactos. Acho que é isso. Não de sangue nem de nada que se possa ver e tocar.
É um pacto silencioso que tem a força de manter as coisas enraizadas,
um pacto de eternidade, mesmo que o destino um dia
venha a dividir o caminho dos dois.'


[Martha Medeiros]
"Às vezes sinto falta de mim.
-Eu também, menina.
-Sente falta de si?
-Não, de você. E dói.
[Silêncio]
-Me abraça?
-Sempre."


(Caio Fernando Abreu)

sábado, 13 de março de 2010

Eu ando bebendo escondido
Eu ando fumando escondido
Eu ando correndo escondido
Eu ando vivendo escondido
Eu só não ando amando escondido
Pois faço questão de deixar às claras.
"Quem inventou a distância nunca sofreu a dor de uma saudade!!!" 
(Martha Medeiros)
15 dias longe e ainda sinto o seu cheiro se eu fechar os olhos e me concentrar bem. A distância tem sido a minha maior inimiga desde que entrei naquele ônibus da Unesul.


Enquanto dia 01 não chega, me distraio com um sorriso tímido no rosto.











porque não eu?
porque pensaram antes de mim.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Minha mente entorpecida.

Me senti envolvida por um enorme prazer.
Tinha me chegado à boca e eu sentia o gosto amargo.
Em seguida, penetrou nos meus olhos.
Pude sentir aquela ardência três vezes seguidas.
Foi então, que comecei a acariciar-me os dedos.
Estavam tensos.
Fui sucumbida pelo pânico.
Tive medo por um momento.
Poderiam estar me vigiando, lendo meus pensamentos e vendo minha expressão de gozo.
Agora, não eram só os dedos que estavam tensos, mas os braços e em seguida o corpo todo.
Minha mente foi a unica que permaneceu entorpecida.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Pensei em colocar vírgulas mas acho que é quase impossível porque é pouca coisa a se dizer e a ser dita nem os pontos eu vou usar acho que eu quero te dizer que eu não sei se estou certa em achar ou perder mas estou não legal pra colocar vírgula e ponto final

quarta-feira, 10 de março de 2010

Aprendi que não posso estar em todo lugar ao mesmo tempo.
E que nem estar posso em todo tempo ao mesmo lugar.

terça-feira, 9 de março de 2010

Andei pelo caminho da entrada. Os gatos estavam espalhados por ali, esgotados. Na minha próxima vida, quero ser um gato. Dormir 20 horas por dia e esperar ser alimentado. Sentar por aí lambendo meu cu. Os humanos são desgraçados demais, irados demais, obcecados demais.

Bukowski.

Traição.

Me peguei
meio assim
te traindo.
Me absolvi
de toda
a grande
culpa porque
te traí
com você.

''E não há paisagem que seja mais linda do que o rosto do seu amor. Não há pôr-do-sol que valha desviar seu olhar do dela.

Eu te amo.
Eu também te amo.
Eu te amo mais.
Impossível.
Eu te amo o mundo.
Eu te amo o universo.
Te amo tudo aquilo que não conhecemos.
E eu te amo antes que tudo o que nós não conhecemos existisse.
Eu te amo.
Eu te amo.
Eu te amo mais do que a mim.

Já conheço os passos dessa estrada.. E, mesmo assim, estarei sempre pronto para esquecer aqueles que me levaram a um abismo.
E mais uma vez amarei. E mais uma vez direi que nunca amei tanto em toda a minha vida.''


Fernanda Young

segunda-feira, 8 de março de 2010

Aconteceu.

Aconteceu quando a gente não esperava
Aconteceu sem um sino pra tocar
Aconteceu diferente das histórias
Que os romances e a memória
Têm costume de contar
Aconteceu sem que o chão tivesse estrelas
Aconteceu sem um raio de luar
O nosso amor foi chegando de mansinho
Se espalhou devagarinho
Foi ficando até ficar
Aconteceu sem que o mundo agradecesse
Sem que rosas florescessem
Sem um canto de louvor
Aconteceu sem que houvesse nenhum drama
Só o tempo fez a cama
Como em todo grande amor





Calcanhoto.

O Pombal, segundo ela.

             -O Pombal nada mais é que a imitação da singularidade do lar das pombas nos dias de hoje em que é dificil afirmar o que é efemero e o que não é.-Pausa- O que significa efêmero?
            -Efêmero é algo passageiro, transitório, volúvel, de curta duração...
            -Eu já sabia, era bem isso que eu queria dizer, pois bombas são passageiras volúveis
            -BOMBAS?
            -Eu nem tinha visto, mesmo assim está certo,bombas são passageiras, porque estouram e buuuuuum, todo mundo morre.






-Ô Marina, piranha..tuntz

domingo, 7 de março de 2010

sábado, 6 de março de 2010

O céu me deu estrelas. Mas não ofereci elas pra ninguém.
Preciso de um tempo e preciso de estrelas só pra mim.
Pelo menos hoje.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Eu prometo que amanhã eu vou limpar as lentes do meu óculos escuro.
Prometo oferecer pra você a primeira estrela que o céu me dar.
Prometo escutar mais os ruídos da vizinhança.
Eu prometo ser mais que hoje.
Prometo que não vou desaparecer.
Prometo me ajudar mais.
Eu prometo o que quiser que eu prometa.
Mas prometa que vai ser meu essa noite.
Amanhã eu faço tudo.
Amanhã.

quinta-feira, 4 de março de 2010

“Não importa quanto vai durar - é infinito agora.”



Caio F. Abreu
'Capítulo um: nunca atenda antes de deixar tocar pelo menos três vezes, para não demonstrar ansiedade. Que ninguém possa supor jamais que você vive plantado ao lado de um maldito telefone. Principalmente à noite e durante os fins de semana, claro.'



Caio F.
"Devo, entretanto, avisar que não pretendo te esquecer nem deixar você em paz.
Pode correr; pode fugir; que vou em busca de você, onde estiver:
Cancelarei compromissos, emendarei feriados, mas tenho certeza de que te encontrarei de novo. Nem que seja por um só segundo."

F. Y.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Alguém explica?

Como podem haver demônios no paraíso?
Como o coração aperta vendo aquelas fotos?
Como é buscar a realidade baseada em fantasias?
Como é só querer querer e querer sem nada devolver?

Alguém explica o fato dos beija-flores voarem pra trás?
Alguém explica o fato das nuvens se desmancharem de uma hora pra outra?

terça-feira, 2 de março de 2010

Prosopopéia

Vou só deitar na minha cama e esperar pra morrer
Eu juro a você que é o melhor a fazer
Vou fechar os meus olhos e tentar e esquecer
Vou abrí-los de novo e pensar no por que

Por que sou feio do avesso
Por que estou vivo, eu mereço
Por que eu sigo sua sombra
Por que sem voz envelheço


Eu não aguento mais



Uma chuva de porcos clareia o céu de outro dia
Não sei descrever, é como mel eu diria
Uma teoria engraçada, estranha e complicada
Envolve ossos quebrados e comida estragada


Por que sou feito de gesso
Por que meu sangue é gelado
Minha solidão amassada
Por que de ti não esqueço

Minha solidão amassada
Por que de ti não esqueço

Vou deixa pra você só um presente de adeus
Não é nada demais, apenas uma lembrança
Só vou dizer a você que não há mais esperança
Então não deixe sua sorte com uma criança



André Arietta

segunda-feira, 1 de março de 2010

E eu fiquei ali
Hipnotizada
Por conta de
Meia duzia de 
Palavras.
Sempre assim.
Tornou-se presença constante na minha vida.
Desde o dia que fui pra sabe lá quando voltar.
E todo dia, eu faço questão de sentir ela rasgando meu peito.
Tornou-se prazer.
Toda dor acaba se tornando prazer quando é inevitável.

E ela bateu.

Uma hora ou outra eu sabia que ia acontecer. Que ela viria, iria chegar sem avisar e que ia sugar todas as minahs forças. Eu tentei. Tentei adiar ao máximo mas não teve jeito. Ela veio sem ser convidada. Veio me tirar o sono, veio me tirar da calmaria. Me fez lembrar do trecho daquela música - acho que é a nossa agora- que cantei naquela tarde vazia pra ti... Vazia mas cheia. Ela me fez lembrar de cada movivento que fizeste. De cada música que cantaste, de cada vez que disseste Eu te amo..



I can't take my eyes of you...
I can't take my eyes...
A gente sente saudade das coisas que não viveu.
A gente sente saudade do que teve.
A gente sente saudade do que tem e está longe.

Quem aqui, meu amigo, nunca sentiu uma puta saudade?
Era preciso acreditar em mim se quisesse que os outros acreditassem.
Fui e o fiz.
" É difícil me iludir, porque não costumo esperar muito de ninguém. Odeio dois beijinhos, aperto de mão, tumulto, calor, gente burra e quem não sabe mentir direito. Não puxo saco de ninguém, detesto que puxem meu saco também. Não faço amizades por conveniência, não sei rir se não estou achando graça, não atendo o telefone se não estou com vontade de conversar. "



Caio F.