quarta-feira, 14 de abril de 2010

Sinto ódio, não sei exatamente de quem ou de quê. O estômago vazio há mais de trinta horas, os cigarros filados aqui e ali, o dente quebrado em plena bad trip. Quero outra vez um quarto todo branco e um par de asas. Mesmo de papelão.




Caio <3

BOLERO

"Mas combinaram:
Quatro noites antes, quatro depois do plenilúnio, cada um em sua cidade, em hora determinada, abrem a janela de seus quartos de solteiros, apagam as luzem abraçando a si mesmos, sozinhos no escuro, dançam boleros tão apertados que seus suores se misturam, seus cheiros se confundem, suas febres se somam em quase noventa graus, latejando duro entre as coxas um do outro.
Lentos boleros que mais parecem mantras. Mais índia do que Caribe. Pérsia quem sabe, budismo hebraico em celta e yorubá. Ou meramente Acapulco, girando num embrujo de maraca y bongô.
Desde então, mesmo quando chove ou o céu tem nuvens, sempre sabem quando é lua cheia. E quandop mingua e some, sabem que se renova e cresce e torna a ser cheia outra vez e assim por todos os séculos e séculos porque é assim que é e sempre será, se Deus quiser e os anjos disserem Amém.
E dizem, vão dizer, estão dizendo, já disseram."




Caio Abreu
As pessoas olhavam e diziam “Look at him: he’s tryng to fly!” De repente um policial me segurou pelo capuz e perguntou por que eu estava correndo. Respondi agressivo: “Just because I like it!” Ele sorriu e me soltou. Continuei correndo, tentando voar.



Caio Abreu.