quarta-feira, 12 de maio de 2010

Fixado na parede, sem uma das mãos. Observo o garoto que se masturba embaixo das cobertas vendo uma  foto no celular. O quarto é precário, bem de acordo com o dono. A pluma roxa começa a atrapalhar minha visão, droga, preciso fazer vento pra essa bosta sair da minha frente. Pronto, bem melhor assim. Ele tem dezesseis anos, pouca massa muscular, tem alguma penugem na cara, nada muito evidente e, toda noite, se masturba pensando na menina.. Continuo observando-o por mais algum tempo, olho pro relógio quebrado na parede, marcam 3:15 am. Já é tarde pra alguém que tem que acordar às 6:27 pra tirar os excessos de porra das pernas. Começo a mexer e remexer alguns objetos no quarto para acabar com seu momento de prazer solitário. Se funcionar, talvez durma. Mas nada adianta, ele continua.
Do outro lado do estado, sei que a menina faz quase o mesmo, masturba-se ao som da voz dele. Esforço-me e, com muito custo consigo mexer objetos no seu quarto. Ela tem medo disso, se acalma e vai dormir.
O meu garoto, permanece mais algum tempo, até gozar num pedaço qualquer de papel rabiscado com alguma caneta ponta fina. Enfim, adormece.
Pronto. Só resta eu nesse amontoado de merda. Lembro da minha doce Madellene, ah, quantas saudades Madellene, das suas brigas, das tuas mordidas, dos teus lábios. Afinal, eu, agora pouco, quis privar o meu garoto de fazer uma coisa que eu já fiz por muito tempo, me sinto mal. Desmaio.
Abro os olhos e me assusto com um anjo abortado, grudado na parede, com uma espingarda na boca. Lembro-me de seu nome, Kurt Donald Cobain, e volto a desmaiar até a noite.






M.L.