quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Na primeira vez que ficamos juntos, eu a beijei, e senti um abismo entre nós. Aquele era um sinal, um terrível sinal, que estava muito claro. O nosso caminho não seria fácil.
A cada olhar, cada toque, cada suspiro, uma nova certeza, um sentimento incomum que assustava. Um frio em meio a um vulcão. Um calor apaixonado em meio a neve.
Quando caminhávamos juntos, e percebíamos nas expressões e linguagens alheias, todo desgosto e ódio para nós, entendemos o Sol e Lua juntos na terra, o que jamais seria entendido nos céus.

As nuvens que outrora cor de neve, deixavam-se tomadas por diversos tons de cinza, os mais temidos tons.
A tempestade chegara, era anunciada com espetáculo. As folhas moviam-se e os galhos dançavam. Com o céu totalmente fechado, questão de tempo para descer a dor. Raios, trovões, vultos de luz, o espetáculo natural do céu.

Permanecemos em um campo, isolados e satisfeitos por presenciar a contemplação. Abraçados, liberando sorrisos leves ao admirar os raios. E há quem diga que um raio não caí duas vezes no mesmo lugar, mas transformou-se em mito. Por vez, um raio nos atingia, atingindo todos os sentidos e carregando nossas energias para fazer amor como deuses.
Por fim, a tempestade tornou-se nosso excêntrico teto. As folhas de diversas árvores, por vez, no solo, a nossa confortável cama. E o campo, imensamente verde, nosso realizado lar.

[autor desconhecido]