quinta-feira, 24 de junho de 2010

-Oi, eu queria mesmo falar com você.
A voz estava rouca, irritação nas cordas vocais, toda vez que tossia, lembrava o começo de "Cheap and Cheerful" do The Kills, ela adorava se sentir a Alison Mosshart. Porém, não chegava nem aos pés dela.
-Porque isso agora?
-Sei lá, só queria escutar a tua voz e dizer pra ti tomar cuidado, há dinossauros pela cidade.
-Você bebeu?
-Não.
-Fumou?
-Também não.
-Então estás louca.
-PÁRA, NÃO ME CHAMA DE LOUCA, ISSO TU SABE QUE NÃO SOU.
-Ok. Mas o que você queria falar mesmo? Estou com pressa, não posso falar.
-Ok, vai fazer o que tu tem pra fazer. Eu espero.
-Não, fala agora, depois eu vou desligar o celular.
-Estás dizendo que é a última vez que nos falamos?
-Você que está dizendo isso.
-Ok.
-Tchau.
-COMO ASSIM? ESPERA, EU TENHO QUE TE FALAR, PELA ÚLTIMA VEZ...
-Falar o que? A respeito dos dinossauros? Dai, eu sei, eles estão à solta por aí, vou me cuidar.
-Não é. Só queria dizer que te amo. Pela última vez.
-Ok Dai. Tchau.
E desligou.
No dia seguinte, os noticiários estavam falando sobre uma garota que se matou por "amor". Carregava uma pistola na bolsa da escola. Foi encontrada no banheiro, vestida com uma camisa jeans -agora toda ensanguentada- que pertencia à ele. 
Assistiu toda a reportagem, desligou a tv e foi comer um cachorro-quente.