quinta-feira, 29 de abril de 2010

A triste verdade de nossas capitais


Numa escadaria entre-ruas mal iluminada estava um grupo de pessoas. Todas dando uma surra em alguém. Um rapaz, jovem, sem muita reação. Eram três contra um. Mal tentava se levantar e eles o chutavam, socavam, pisoteavam. Puxaram-no. Deram-lhe um soco certeiro no rosto. Cambaleou para trás, mas antes que pudesse cair seguraram-lhe e deram mais um. Depois outro na barriga. Pareciam não se cansar nunca. Até que pararam. Não pareciam cansados, mas pararam. Talvez achassem suficiente. Ele então sentou-se, apoiado á parede, enquanto os outros iam embora, e viu uma garota á sua frente. Ela o mirava com um sorriso. O rapaz levantou devagar a cabeça, seu nariz sangrando e o rosto inchado, para observar a garota. Sua visão estava embaçada, fora de foco. A garota virou-se e desceu ás escadas, indo embora, e o grupo de antes voltou, dando-lhe um chute no rosto.
Acordou. Observou o espelho no teto, ao lado do cartaz do Nirvana. Sentou-se na cama. Apoiou a cabeça sobre as mãos. O sol amanhecia. Precisava dormir mais.
Deitou-se na cama, mas sabia que não conseguiria dormir. Mesmo assim, fechou os olhos e fingiu descansar.
Assim como todo o resto, ele sabia que não era verdade.
Mas era o melhor que iria conseguir.



André Arieta

Jonathan

He was kind of a movie creep, his name was Jonathan. Like usually, he was in the cinema watching a classic movies session. It was Chaplin, his favorite. The cinema was completely empty, except for him.
- Hi – somebody said. He looked around and there was a girl sitting next to him, she wasn’t there before. He didn’t see her coming, either.
- Hello – he answered.
- I’m Tessy. You?
- Jonathan.
They watched the movie for some minutes.
- What movie is this? – She said.
- You paid for the ticket without knowing what movie you were watching?
- I didn’t pay for the ticket.
Someone complained about the noise. Of course there was no one there. They remained silent for some time. Jonathan didn’t understand a thing.
- Where are you from? – He asked.
- I don’t know, but I miss my home.
He looked her in the eyes. Smelled confusion.
- Come with me, I’ll take you home.
They walked together out of the cinema.

Jonathan was never seen again.





André Arieta
"É assim: vezenquando, uma coisa só começa mesmo a existir quando você também começa a prestar atenção na existência dela. Quando a gente começa a gostar duma pessoa, é bem assim."


Caio F.