quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Não disse nada.

Não disse nada. Apenas caminhou lentamente em direção ao quarto e se jogou na cama. Ficou um tempo olhando para o teto envernizado e cheio de teias de aranhas, pensando nele, é óbvio. O coraçãozinho estava aos pulos, nem o tic tac do relógio da cabeceira e os latidos dos cães nas ruas do subúrbio conseguiam fazer com que ela desviasse a atenção do teto, agora com o rosto dele.
Há dias já que estava procurando entender o porque de não parar de pensar nele, estava até evitando escutar as gravações caseiras dele, com um violão ao fundo e aquela voz macia, que destruía toda a pose de machão que ele tinha.
"Ele tem ela lá e tudo mais..." pensou, mas teve esperanças assim que lembrou que, uma outra vez, ele tinha dito que gostava de ter relacionamentos à distância, nem que pra isso, ficasse com as duas. Ela não se importava nem um pouquinho em dividir o amor dele com a outra, já que essa seria a única forma de tê-lo por "perto".
Estava tarde e ela precisava dormir, despediu-se. Ao contrário dos outros dias que ele dizia "Tá bem, boa noite, beijos" ele disse "Tá bem, beijos, boa noite <3"
Pronto. O coração no final da frase a fez crer na possibilidade de, um dia, ficarem juntos.
Agora, ela não pensava em mais nada e em mais ninguém, a não ser nele.
E ele nem disse nada.