segunda-feira, 5 de abril de 2010

All Apologies

Fazer o que se ele é meu remédio, meu vício?
Sem ele enlouqueço, fico doente.
Preciso dele tanto quanto preciso de ar.
Preciso sentir o coração bater forte e as pernas ficarem trêmulas enquanto ele me diz que sou ingênua demais.
Preciso, outra vez, visitar constelações.
Preciso ser o coração, o sangue, a alma e o corpo.

Antes de tudo e mais nada


A noite nem havia sido tão longa, mas no meio fio se encontravam dois jovens. Meio bêbados, meio sóbrios. Meio pilhados, meio sonolentos.
Não que tenha sido só pouca coisa o que aconteceu. Longe disso. Por isso mesmo estavam cansados.
Ela, com seu casaco preto de algodão enorme, estava encostada nele. Discreto. Jeans, camiseta de banda e casaco sem nada demais.
Ela ainda carregava uma lata de cerveja, embora seu hálito ainda carregasse o mesmo cheiro de melancia de sempre. E era por isso que eles sempre terminavam a noite juntos.
Eles murmuravam perguntas, respostas e comentários um para o outro. De vez em quando se ouvia alguma risada.
Não havia nada demais ali.
Somente um casal de amigos: ela, do cabelo rosa claro descolorido, com um casaco gigante, maquiagem pesada nos olhos e hálito de morango. E ele, cabelo preto bagunçado, olhos castanhos amendoados, pele mulata, voz cálida e um abraço capaz de te engolir.
Ninguém nunca ousara pensar algo mais deles, muito menos os dois.
Era antes de tudo e mais nada, uma amizade. Não era a maior, mas a mais simples e menos confusa, ou complicada.
Winola Weiss