quinta-feira, 29 de abril de 2010

A triste verdade de nossas capitais


Numa escadaria entre-ruas mal iluminada estava um grupo de pessoas. Todas dando uma surra em alguém. Um rapaz, jovem, sem muita reação. Eram três contra um. Mal tentava se levantar e eles o chutavam, socavam, pisoteavam. Puxaram-no. Deram-lhe um soco certeiro no rosto. Cambaleou para trás, mas antes que pudesse cair seguraram-lhe e deram mais um. Depois outro na barriga. Pareciam não se cansar nunca. Até que pararam. Não pareciam cansados, mas pararam. Talvez achassem suficiente. Ele então sentou-se, apoiado á parede, enquanto os outros iam embora, e viu uma garota á sua frente. Ela o mirava com um sorriso. O rapaz levantou devagar a cabeça, seu nariz sangrando e o rosto inchado, para observar a garota. Sua visão estava embaçada, fora de foco. A garota virou-se e desceu ás escadas, indo embora, e o grupo de antes voltou, dando-lhe um chute no rosto.
Acordou. Observou o espelho no teto, ao lado do cartaz do Nirvana. Sentou-se na cama. Apoiou a cabeça sobre as mãos. O sol amanhecia. Precisava dormir mais.
Deitou-se na cama, mas sabia que não conseguiria dormir. Mesmo assim, fechou os olhos e fingiu descansar.
Assim como todo o resto, ele sabia que não era verdade.
Mas era o melhor que iria conseguir.



André Arieta

Jonathan

He was kind of a movie creep, his name was Jonathan. Like usually, he was in the cinema watching a classic movies session. It was Chaplin, his favorite. The cinema was completely empty, except for him.
- Hi – somebody said. He looked around and there was a girl sitting next to him, she wasn’t there before. He didn’t see her coming, either.
- Hello – he answered.
- I’m Tessy. You?
- Jonathan.
They watched the movie for some minutes.
- What movie is this? – She said.
- You paid for the ticket without knowing what movie you were watching?
- I didn’t pay for the ticket.
Someone complained about the noise. Of course there was no one there. They remained silent for some time. Jonathan didn’t understand a thing.
- Where are you from? – He asked.
- I don’t know, but I miss my home.
He looked her in the eyes. Smelled confusion.
- Come with me, I’ll take you home.
They walked together out of the cinema.

Jonathan was never seen again.





André Arieta
"É assim: vezenquando, uma coisa só começa mesmo a existir quando você também começa a prestar atenção na existência dela. Quando a gente começa a gostar duma pessoa, é bem assim."


Caio F.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Ferir-se cada dia mais e ferir também, pra aliviar a dor.



Mas, até que ponto poderemos aliviá-la? Até não aguentar mais as tentativas em vão ou até esquecer da sua existência?

Até que ponto podemos suportá-la? Nos consideramos fortes, astutos e ,por que não, poderosos.

Na verdade, somos um monte de lixo, um bando de baratas com medo do "inseticida" mais vagabundo. Porquê? Por que sabemos que somos fracos o bastante pra morrer num venenozinho qualquer.

Perdoe-me, pois não sei o que anuncio. Gostaria eu, de anunciar minha morte. Minha morte prematura.

Já contei aos senhores aqui presentes que, nasci pre-ma-tu-ra-men-te? Pois então, nasci pre-ma-tu-ra-men-te, experimentei as delícias da vida pre-ma-tu-ra-men-te, e quero morrer pre-ma-tu-ra-men-te.

Me sinto como um romancista, louvando a morte, cheio dos pessimismos e das fantasias.

Há tempos eu não reconheço aquele que vejo todos os dias em frente ao espelho, há tempos não sei o que é sentir um toque, uma mão macia percorrendo todo meu corpo.

Verdade seja dita, tive tudo ou quase tudo o que "sempre quis". 
Valor? Sim, eu dei valor. Perdi porque "eu quis" perder ou porque talvez não restasse escolha a não ser acabar.


It's all over now. I died.
eu rio enquanto choro
eu rio porque choro
eu choro
e paro
e penso
como eu sou idiota
porque eu choro
imbecil
eu mereci
e depois eu rio
e quão hipocrita e dissimulado eu sou
e choro de novo
e assim por diante


G.D.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

De repente, determinada música, traz lembranças de determinadas pessoas que você jamais imaginou lembrar outra vez.

Estranho

No mínimo estranho estar durando tanto tempo assim, não, não é isso, eu não quero que acabe. Jamais. Pelo menos não agora, tá, eu sei vou me arrepender de ter escrito isso, aliás, já arrependi. Olha, eu sei que às vezes cansa, que sou chato, que implico com você por causa de tudo, mas esse é o meu jeito de te amar.
Baseado nos relacionamentos fracassados, eu prometi pra mim que não vou fazer planos, por que sempre acabava me iludindo. Fracassei, fiz muitos planos, aliás, sempre faço. Sempre que dá eu faço. Bom, vou tentar te explicar dum jeito que, seja fácil de sacar, quando faço planos pra gente, é como se eu estivesse me masturbando (pensando em você, sempre). Em suma, é um prazer fazer planos. Mesmo você estando longe assim de mim.
Linda, não se assuste, sou assim, com o tempo vais me conhecer melhor, vai começar a me sacar melhor. E eu espero o mesmo de você, agora, se você estiver lendo isso, por favor, trate de me mandar uns remédios por que a gripe aqui atacou forte.

domingo, 25 de abril de 2010

"Pensando seriamente em:
-morar noutro lugar
-cortar o cabelo
-gritar pro mundo que amo quem amo
-tomar banho
-fazer miojo
-dar leite pro gato
-me masturbar pensando em quem amo.
-ouvir o barulho da chuva lá fora
-ir dormir sem fazer nada disso."

sábado, 24 de abril de 2010

"Tornarei sempre a voltar porque preciso desse osso, dos farelos que me têm alimentado ao longo deste tempo, e choro sempre quando os dias terminam porque sei que não nos procuraremos pelas noites, quando o meu perigo aumenta."



Caio F.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Olha pra mim, me dê a mão
Depois um beijo
Em homenagem a toda
Distância e desejo
Mora em mim
Que eu deixo as portas sempre abertas
Onde ninguém vai te atirar
As mãos vazias nem pedras





Cazuza

quinta-feira, 22 de abril de 2010

"Mas, por quê?
Porque não ensinam às pessoas, desde bem pequenas, que elas são indivíduos preciosos? Que devem amar não por carência, acreditando que desta forma a solidão de suas existências cessará. Mas amar com o coração em paz, com a idéia de que nem a pessoa mais íntima pode compartilhar a sua dor. A dor de não ser hermafrodita, de não ter com quem partilhar as suas entranhas.

O Homem deve cultivar a si mesmo com amor e cuidado. Acreditar-se eterno. SER PARA SI próprio eterno, afinal é certo que você será aquele quem mais tempo lhe fará companhia. E deixar o amor livre desta obrigação.

Deve o Homem acreditar na durabilidade do amor, mas nunca forçá-lo a isso".




Fernanda Young.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

O DIA QUE JÚPITER ENCONTROU SATURNO

Foi a primeira pessoa que viu quando entrou. Tão bonito que ela baixou os olhos, sem querer querendo que ele também a tivesse visto. Deram-lhe um copo de plástico com vodca, gelo e uma casquinha de limão. Ela triturou a casquinha entre os dentes, mexendo o gelo com a ponta do indicador, sem beber. Com a movimentação dos outros, levantando o tempo todo para dançar rocks barulhentos ou afundar nos quartos onde rolavam carreiras e baseados, devagarinho conquistou a cadeira de junco junto à janela. A noite clara lá fora estendida sobre a Henrique Schaumann, a avenida poncho & conga, riu sozinha. Ria sozinha quase o tempo todo, uma moça magra querendo controlar a própria loucura, discretamente infeliz. Molhou os lábios na vodca tomando coragem de olhar para ele, um moço queimado de sol e calças brancas com a barra descosturada. Baixou outra vez os olhos, embora morena também, e suspirou soltando os ombros, coluna amoldando-se tensa ao junco da cadeira. Só porque era sábado e não ficaria, desta vez não, parada entre o som, a televisão e o livro, atenta ao telefone silencioso. Sorriu olhando em volta, muito bem, parabéns, aqui estamos.
Não que estivesse triste, só não sentia mais nada.
Levemente, para não chamar a atenção de ninguém, girou o busto sobre a cintura, apoiando o cotovelo direito no peitoril da janela. Debruçou o rosto na palma da mão, os cabelos lisos caíram sobre o rosto. Para afastá-los, ela levantou a cabeça, e então viu o céu. Um céu tão claro que não era o céu normal de Sampa, com uma lua quase cheia e Júpiter e Saturno muito próximos. Vista assim parecia não uma moça vivendo, mas pintada em aquarela, estatizada feito estivesse muito calma, e até estava, só não sentia mais nada, fazia tempo. Quem sabe porque não evidenciava nenhum risco parada assim, meio remota, o moço das calças brancas veio se aproximando sem que ela percebesse. Parado ao lado dela, vistos de dentro, os dois pintados em aquarela - mas vistos de fora, das janelas dos carros procurando bares na avenida, sombras chinesas recortadas contra a luz vermelha. E de repente o rock barulhento parou e a voz de John Lennon cantou every day, every way is getting better and better. Na cabeça dela soaram cinco tiros. Os olhos subitamente endurecidos da moça voltaram-se para dentro, esbarrando nos olhos subitamente endurecidos do moço. As memórias que cada um guardava, e eram tantas, transpareceram tão nitidamente nos olhos que ela imediatamente entendeu quando ele a tocou no ombro.
- Você gosta de estrelas?
- Gosto. Você também?
- Também. Você está olhando a lua?
- Quase cheia. Em Virgem.
- Amanhã faz conjunção com Júpiter.
- Com Saturno também.
- Isso é bom?
- Eu não sei. Deve ser.
- É sim. Bom encontrar você.
- Também acho.
(Silêncio)
- Você gosta de Júpiter?
- Gosto. Na verdade “desejaria viver em Júpiter onde as almas são puras e a transa é outra”.
- Que é isso?
- Um poema de um menino que vai morrer.
- Como é que você sabe?
- Em fevereiro, ele vai se matar em fevereiro.
- Hein?
(Silêncio)
- Você tem um cigarro?
- Estou tentando parar de fumar.
- Eu também. Mas queria uma coisa nas mãos agora.
- Você tem uma coisa nas mãos agora.
- Eu?
- Eu.
(Silêncio)
- Como é que você sabe?
- O quê?
- Que o menino vai se matar.
- Sei muitas coisas. Algumas nem aconteceram ainda.
- Eu não sei nada.
- Te ensino a saber, não a sentir. Não sinto nada, já faz tempo.
- Eu só sinto, mas não sei o que sinto. Quando sei, não compreendo.
- Ninguém compreende.
- Às vezes sim. Eu te ensino.
- Difícil, morri em dezembro. Com cinco tiros nas costas. Você também. Do poema “Vazio na carne”, de Henrique do Vaile.
- Também, depois saí do corpo. Você já saiu do corpo? (Silêncio)
- Você tomou alguma coisa?
- O quê?
- Cocaína, morfina, codeína, mescalina, heroína, estenamina, psilocibina, metedrina.
- Não tomei nada. Não tomo mais nada.
- Nem eu. Já tomei tudo.
- Tudo?
- Cogumelos têm parte com o diabo.
- O ópio aperfeiçoa o real.
- Agora quero ficar limpa. De corpo, de alma. Não quero sair do corpo.
(Silêncio)
- Acho que estou voltando. Usava saias coloridas, flores nos cabelos.
- Minha trança chegava até a cintura. As pulseiras cobriam os braços.
- Alguma coisa se perdeu.
- Onde fomos? Onde ficamos?
- Alguma coisa se encontrou.
- E aqueles guizos?
- E aquelas fitas?
- O sol já foi embora.
- A estrada escureceu. Mas navegamos.
- Sim. Onde está o Norte?
- Localiza o Cruzeiro do Sul. Depois caminha na direção oposta.
(Silêncio)
- Você é de Virgem?
- Sou. E você, de Capricórnio?
- Sou. Eu sabia.
- Eu sabia também.
- Combinamos: terra.
- Sim. Combinamos.
(Silêncio)
- Amanhã vou embora pra Paris.
- Amanhã vou embora pra Natal.
- Eu te mando um cartão de lá.
- Eu te mando um cartão de lá.
- No meu cartão vai ter uma pedra suspensa sobre o mar.
- No meu não vai ter pedra, só mar. E uma palmeira debruçada.
(Silêncio)
- Vou tomar chá de ayahuasca e ver você egípcia. Parada ao meu lado, olhando de perfil.
- Vou tomar chá de datura e ver você tuaregue. Perdido no deserto, ofuscado pelo sol.
- Vamos nos ver?
- No teu chá. No meu chá.
(Silêncio)
- Quando a noite chegar cedo e a neve cobrir as ruas, ficarei o dia inteiro na cama pensando em dormir com você.
- Quando estiver muito quente, me dará uma moleza de balançar devagarinho na rede pensando em dormir com você.
- Vou te escrever carta e não mandar.
- Vou tentar recompor teu rosto sem conseguir.
- Vou ver Júpiter e me lembrar de você.
-Vou ver Saturno e me lembrar de você.
- Daqui a vinte anos voltarão a se encontrar.
- O tempo não existe.
- O tempo existe, sim, e devora.
-Vou procurar teu cheiro no corpo de outra mulher. Sem encontrar, porque terei esquecido. Alfazema?
- Alecrim. Quando eu olhar a noite enorme do Equador, pensarei se tudo isso foi um encontro ou uma despedida.
- E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.
(Silêncio)
- Mas não seria natural.
- Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
- Natural é encontrar. Natural é perder.
- Linhas paralelas se encontram no infinito.
- O infinito não acaba. O infinito é nunca.
- Ou sempre.
(Silêncio)
- Tudo isso é muito abstrato. Está tocando Kiss, kiss, kiss. Por que você não me convida para dormirmos juntos.
- Você quer dormir comigo?
- Não.
- Porque não é preciso?
- Porque não é preciso.
(Silêncio)
- Me beija.
- Te beijo.
Foi a última pessoa que viu ao sair. Tão bonita que ele baixou os olhos, sem saber sabendo que ela também o tinha visto. Desceu pelo elevador, a chave do carro na mão. Rodou a chave entre os dedos, depois mordeu leve a ponta metálica, amarga. Os olhos fixos nos andares que passavam, sem prestar atenção nos outros que assoavam narizes ou pingavam colírios. Devagarinho, conquistou o espaço junto à porta. Os ruídos coados de festas e comandos da madrugada nos outros apartamentos, festas pelas frestas, riu sozinho. Ria sozinho quase sempre, um moço queimado de sol, com a barra branca das calças descosturada, querendo controlar a própria loucura, discretamente infeliz. Mordeu a unha junto com a chave, lembrando dela, uma moça magra de cabelos lisos junto à janela. Baixou outra vez os olhos, embora magro também. E suspirou soltando os ombros, pés inseguros comprimindo o piso instável do elevador, Só porque era sábado, porque estava indo embora, porque as malas restavam sem fazer e o telefone tocava sem parar. Sorriu olhando em volta.
Não que estivesse triste, só não compreendia o que estava sentindo.
Levemente, para não chamar a atenção de ninguém, apertou os dedos da mão direita na porta aberta do elevador e atravessou o saguão gelado, saindo para a rua. Apoiou-se no poste da esquina, o vento esvoaçando os cabelos, e para evitá-lo ele então levantou a cabeça e viu o céu. Um céu tão claro que não era o céu normal de Sampa, com uma lua quase cheia e Júpiter e Saturno muito próximos. Visto assim parecia não um moço vivendo, mas pintado num óleo de Gregório Gruber, tão nítido estava ressaltado contra o fundo da avenida, e assim estava, mas sem compreender, fazia tempo. Quem sabe porque não evidenciava nenhum risco, a moça debruçou-se na janela lá em cima e gritou alguma coisa que ele não chegou a ouvir. Parado longe dela, a moça visível apenas da cintura para cima parecia um fantoche de luva, manipulado por alguém escondido, o moço no poste agitando a cabeça, uma marionete de fios, manipulada por alguém escondido.
De repente um carro freou atrás dele, o rádio gritando “se Deus quiser, um dia acabo voando”. Na cabeça dele soaram cinco tiros. De onde estava, não conseguiria ver os olhos da moça. De onde estava, a moça não conseguiria ver os olhos dele. Mas as memórias de cada um eram tantas que ela imediatamente entendeu e aceitou, desaparecendo da janela no exato instante em que ele atravessou a avenida sem olhar para trás.

domingo, 18 de abril de 2010

''O amor é procurar cabelos para completar as mãos, é procurar o que não se viveu para contar. É esperar o sol aquecer o lado ileso da cama. É não apagar direito a ausência, a letra, o cheiro. É insistir com respostas sem as perguntas. Adiar o amor ainda é cumpri-lo. Fingir que não se sente é exercê-lo. O amor devora os sobreviventes. Não lembra do pente, da navalha, da tesoura de unhas, do jornal, do abajur. O amor não lembra do que precisa. Amor é não precisar de nada. É precisar do que acontece depois do nada, ainda que não aconteça. O amor confunde para se chegar ao mistério. Embaralha para não se ouvir. Perde-se no próprio amor a capacidade de amar. Amor é comer a fruta do chão. O chão da fruta. O amor queima os papéis, os compromissos, os telefones onde havia nomes. O amor não se demora em versos, se demora no assobio do que poderia ser um verso. O amor é uma amizade que não foi compreendida, uma lealdade que foi quebrada. O amor é um desencontro por dentro.''



Carpinejar
"E os amigos são, sim, para trocar abismos — então me escreva 10, 100 páginas, e eu responderei com calor, com carinho, com toda amizade que realmente sinto por você."



Caio F.

sábado, 17 de abril de 2010

Sempre que escrevo, costumo pensar na Clarisse, e nele, no meu anjo, Caio Fernando. Me teletransporto pro mundo da fantasia e entro nos seus contos. Vivo intensamente. O choro também é intenso quando percebo que, tudo não passou de uma fantasia. Aí fico eu, triste como sempre, num mundo de utopia. Ferito um anjo abortado

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Olha, daqui há algum tempo, quando a gente morar junto, tudo vai ser melhor, vai ser mais fácil. Posso até prever uma cena típica da nossa futura rotina -não gosto da palavra rotina, mas tudo bem.
Eu vou acordar às 5:30 da manhã, depois de uma longa e fervorosa noite de amor, vou tirar o lençol e me enrolar nele, vai estar frio, vou tomar meu banho e quando voltar, vou sussurrar no teu ouvido "vadia, vai tomar banho que tu tá fedendo amor" mesmo você não estando fedendo. Nunca está.
Então, você vai acordar resmungando e brigando comigo porque te chamei mais um vez de vadia, e finalmente vai ir tomar banho. Enquanto dou leite pro nosso gato, vou filando um cigarro, porque nem todo mundo é santo, e depois, vou descer, de pijama mesmo, pra comprar pão pro teu café. Vou pegar o jornal -sim, vamos assinar o jornal- e subir pra acabar de arrumar as coisas.
Pão e bolachas pra ti, algum cereal com leite pra mim, depois café. Acho que vou ter que aprender a fazer sucos decentemente ou vamos ter que comprar estoques de sucos prontos, pois, sei que não gosta de café e é alérgico à lactose.
Sim amor, eu to expondo quase tudo demais. Mas eu sei a hora de parar, ao menos tento parar.
Passado o café, time no apê antes de sair pra ir pra universidade. Apé-apê-à-pé.
Ah, amor amor amor amor, Tudo corre bem durante o dia e à noite, barzinho, casa, sexo e dormir pra no outro dia, tudo de novo....
Nos finais-de-semana, trips e visitas de amigos e visitar amigos, e ir em bares, andar pelo underground, rir muito, beber muito, amar muito. Visitas inesperadas de longe, certo que minha mãe vai querer ver a gente a cada mês, já sei até o que ela vai falar:
-Tu-e-ele andam se alimentando muito mal, olha só essa geladeira?! E os estudos, vão bem? Não entre no crack e nem nas outras drogas, tu anda bebendo é? Teu tio me contou que te viu fumando por aí dia desses, é verdade que tu tava fumando? Olha, de repente, eu venha passar algum tempo aqui pra ver se isso é verdade, mas eu posso confiar em você, não posso?
-Pode mãe, tá tudo bem, eu já tenho mais de 18, não vou te decepcionar, fica tranquila gata, falar em gata, pode levar o gato no veterinário, a gente tá sem tempo e....
-Posso sim.
-Obrigada mãe, de noite a gente volta.
É, eu-e-você na cidade que, embora de alegre só tenha o nome, vamos tentar ser felizes, amar demais, brigar demais, viver demais.




Nota ultramegaimportante: Planos loucos no banho podem realizar-se, assim como podem não passar do papel e da mente insana de quem os planeja, vulgo, Miss Lexotan que atende também por Dai.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Sinto ódio, não sei exatamente de quem ou de quê. O estômago vazio há mais de trinta horas, os cigarros filados aqui e ali, o dente quebrado em plena bad trip. Quero outra vez um quarto todo branco e um par de asas. Mesmo de papelão.




Caio <3

BOLERO

"Mas combinaram:
Quatro noites antes, quatro depois do plenilúnio, cada um em sua cidade, em hora determinada, abrem a janela de seus quartos de solteiros, apagam as luzem abraçando a si mesmos, sozinhos no escuro, dançam boleros tão apertados que seus suores se misturam, seus cheiros se confundem, suas febres se somam em quase noventa graus, latejando duro entre as coxas um do outro.
Lentos boleros que mais parecem mantras. Mais índia do que Caribe. Pérsia quem sabe, budismo hebraico em celta e yorubá. Ou meramente Acapulco, girando num embrujo de maraca y bongô.
Desde então, mesmo quando chove ou o céu tem nuvens, sempre sabem quando é lua cheia. E quandop mingua e some, sabem que se renova e cresce e torna a ser cheia outra vez e assim por todos os séculos e séculos porque é assim que é e sempre será, se Deus quiser e os anjos disserem Amém.
E dizem, vão dizer, estão dizendo, já disseram."




Caio Abreu
As pessoas olhavam e diziam “Look at him: he’s tryng to fly!” De repente um policial me segurou pelo capuz e perguntou por que eu estava correndo. Respondi agressivo: “Just because I like it!” Ele sorriu e me soltou. Continuei correndo, tentando voar.



Caio Abreu.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Loucura, chiclete & som -Caio Fernando Abreu

                                    INTERIOR/DIA
                                         Sequência 1
            
Estende a mão para o relógio, já ouviu o barulho do aspirador, a campainha duas vezes, pratos e talheres lá embaixo, o vento, freadas, criança gritando ao longe, porta batendo, a última vez que olhou eram onze, pouco mais, só um pouco mais e de qualquer jeito não tem mesmo nada para fazer o dia inteiro, baixar as cuecas até os joelhos, ficar sentindo o pau inchar apertado entre os pêlos da barriga e os lençóis que a velha trocou ontem. Traz o metal frio da pulseira do relógio até perto dos olhos, espia, duas e vinte. Em pé na cama empurra as persianas sem ver a cor do dia, a luz crua revelando a poeira sobre os móveis, vestir o jeans, os tênis, a camiseta, repetir merda bem alto três vezes, como uma espécie de bom-dia.
                                        
                                         Sequência 2
      
Olhar a cara branca no espelho do banheiro sem sentir nada, olhos inchados de tanto dormir um terço de sono, outro de álcool e maconha, outro de entressono, cataléptico na cama, o pau quente, coceiras, sombras passando na cabeça, esse porão mofado onde caminha sem bússola no escuro, os cabelos continuam caindo, cravos na ponta do nariz, escovar os dentes, comprar uma escova nova, tek dura, manchas de cigarro, ir ao dentista, como se chama mesmo? coroa, me bota aí uma coroa no primeiro pré-molar direito, a velha disse que paga, quebrei naquela trip de anfeta já faz tempo, o dentista fez uma arrumação porca e perguntou assim e-aí-continua-muito-louco-bicho? ele faz o enturmado, o puto, vezenquando tem essas intimidades, o diabo é que ninguém mais usa essas gírias, todos, todos caretas. Mija, sempre antes do mijo sai uma gotinha de porra ou pus, não tem certeza, provavelmente porra, nunca teve gonorréia e gonorréia dói, dizem, lava a cara, o sabonete estica a pele branca, fazer-não-fazer a barba? não fazer, decide. Tosse, cospe as bolinhas pretas viscosas de nicotina no meio da saliva e da pasta de dentes, depois fica olhando o fundo da pia cor-de-rosa como se fosse um poço.
                                      
                                           Sequência 3

Desce as escadas devagar, sempre um pouco tonto, fecha os olhos, uma porção de faíscas dando voltas pela cabeça, gostaria de cair no chão mas não cai, e continua descendo, o cachorro vem fazer festa tentando balançar o rabo cortado, cão eles reprimem no rabo, controle suas emoções, querido, o cachorro olha para ele com doces olhinhos remelentos, o único nesta casa que me olha. Limpa a remela do cão com a barra da camiseta, atravessa a sala vazia, pega o jornal, pratos e talheres na mesa da cozinha, toalha azul de plástico, abre a geladeira, o forno, pedaços de carne, milho, mandioca boiando em fria gordura branca, o estômago se contrai, quase um soco, espia o bule de café, requenta e bebe, meia xícara preta muito forte sem açúcar. Acende o primeiro cigarro, traga fundo, a fumaça arranha a garganta, tosse seco, uma tuberculose, um edema, uma pneumonia, um enfisema, o cachorro se enrola em suas pernas enquanto o pai abre a porta e passa reto sem olhar nem cumprimentar. Ele também não olha nem diz nada, daqui a pouco chegam a mãe irmãos irmãs e também não dirão nada, nem olharão, assim é, foi, será, dói aqui nas costas de tanto dormir e noutro lugar também, mais forte ainda, não sei bem onde.



                                    EXTERIOR/DIA
       
                                           Sequência única
                    
Apanhar o jornal, atravessar outra vez a sala vazia, abrir a porta da rua, sentar nos degraus do jardim, gama crescida, merda de cachorro, gatos noturnos, matagal de marias-sem-vergonha, muro branco, portão de ferro, rua, mormaço frio. Abre o jornal, o de sempre, o Líbano, o cessar-fogo, quinze mortos na Argentina, sequestro da atriz pornô, o leite, a gasolina, o rio podre, Marte, sondas -nenhum conhecido hoje na crônica policial, todo mundo dançando, tudo bem. Acende outro cigarro e tosse e cospe, bolinhas pretas viscosas na palma da mão, sem cheiro, OK, os pulmões resistem, eu resisto, o planeta resiste, tudo resiste. O pai passa até o portão, olha em volta sem dizer nada, não existimos, duas realidades paralelas, dois ectoplasmas de sessões diferentes, fuma fuma fuma, joga a ponta acesa no canteiro, a brasa cai sobre uma folha, imagina que a planta sente dor. A Vida Secreta das Plantas, essas coisas, diz que pois é, os vegetais, vai saber. Olhar a brasa acesa incendiando a folha até o rombo, depois o sol, uma nuvem se afasta e o sol bate claro, duro na sua cara branca, nos seus cabelos caindo, nos seus olhos inchados. Tira o tenis, as meias, estende os pés para o sol, as coceiras no corpo, a pele seca, o frio, este inverno que não termina nunca, ninguém passa cantando na rua, a velha do outro lado espia, o carteiro passa sem deixar nada e o cachorro late para o carteiro negro, racista esse cão, o retratinho do dono, pensa olhando o pai, não, nenhuma cata, mas de quem, se todos foram embora para Londres, Paris, Nova York, Salvador ou Machu-Picchu. Fechar o jornal, acender o cigarro, tossir, abrir o jornal, cuspir, apagar o cigarro. O sol bate direto na sua cara branca e ele nem pisca.

                                    EXTERIOR/DIA

                                           Sequência 1

Chama o cara aí, outra brahma, meu, teve um tempo que não era assim, brahma, vishnu & shiva, sente só o desrespeito ocidental, mais uma shiva, moço, mas não, não era assim, em casa um é bode, na rua é outro bode, na casa do teu amigo é mais um bode, um pirou, outro morreu de overdose, outro em cama, não é nada disso, olha só quem acaba de entrar, porra, essa mina já deu pra todo o bar, um túnel, como atravessar um túnel sem saber se tem fim, deixou a porta aberta, piranha, como é que é?  Vai fechar ou não? Te toca, friend, tu tás é de porre, Virgem ascendente em Peixes, que bode, um oposto do outro, tu entende disso é? Conflitos terríveis the dream is really over, não me vem com esses papos de depois das dua da matina, porra, um dia alguém devia quebrar a bosta desse bar em vez de só pedir outra brahma (ou vishnu ou shiva), me dá um câncer aí, mas era mesmo diferente no duro ou é a gente é que ta envenlhecendo, cara? Puta, essa mina só sabe filar cigarro, quanto tempo, é, por aí, você sabe, julho, agosto, quem, a Beth? Ah, ta legal, vai ficar mesmo em Floripa com aquele surfista debilóide, diz que mudou tudo, com quem que tá o brilho? A classe média, semana passada os ratos baixaram e levaram todo mundo sem nem ver documento, tu acha mesmo que ela tá afim? tô te falando, olha só a cara dela, já deve estar toda molhadinha, já se foi essa brahma, uma saidera? Vamos nessa, fiquei chapado o dia inteiro, dá uma sede, a casa de quem? Pode ser, maior barato, mas nem conheço o cara, ah, vem todo mundo, olha não tô nessa de túnel, onde foi mesmo que eu li uma coisa que começava assim “metade do meu cérebro já foi destruído pelo álcool”, mas nunca acontece nada aos sábados nessa bosta de cidade?


                                           Sequência 2

A mão dele roça o seio dela. Ela ri, faz que não vê, tem bons dentes a piranha, fazendo gênero Sonia Braga com o cabelão desgrenhado. Black Sabbath? Ah, não, tô entupido de rock, pega um jazz, até um MPB serve, escolhe aí, porra. Fica quente assim, grudado no outro, e por que não, cadê o Gilson? No banheiro, cara, deve estar chupando o peru do loiro ou cheirando pó, nem apresenta, ninguém apresenta mais nada, se quiser tem que ir à luta, ah, esquece, dá muito trabalho, apagando a luz, distribuindo cobertores, fechar mais uma, a saidera, não tô mais a fim, fumo anda me deixando paranóico, sabe como é, a paranóia só vem à tona se já existe dentro de você, cara, chega mais, isso aí, a boca, as línguas, a mão entre as coxas. Leva a mão dela até o fecho das calças dele, levanta a blusa devagar, acabou o som, mas logo agora? Põe uma pilha aí, tango, valsa, fox, qualquer coisa. Mole, úmido, morno, os dedos afundam, parece sempre uma ostra, geme no meu ouvido, ajuda um pouco, pô, lambe os peitos, bicou duros, meio reta, pouco peito, gosto mais quando tem onde pegar, sabe como é, agora com-cen-tra-ção, apoiar as palmas das mãos contra o cobertor, cheiro de porra velha, deixar só a cabecinha roçando, dentro mas quase saindo, assim-as-sim-ah-sim, porra, lá vem o Gilson de novo com a mão na minha bunda, se gacilito me enraba, dá o fora bichona. E ela geme, e você geme também – imaginar, imaginar, que nem a Sonia Braga – os seus olhos deslizam pelo tapete até uma peça qualquer de roupa jogada, depois para umas das pernas da mesa e mais adiante, subindo sempre, para o jornal aberto e a garrafa virada pingando, pingando sobre essa peça qualquer de roupa branca. A mão procura o cigarro no escuro e não encontra, claridade cinza entre as frestas da persiana metálica abaixada. Levanta-se, começa a remexer sobre a mesa, entre os discos, as roupas, os copos, os corpos. Seus dedos só encontram quinas, seus olhos só vêem a claridade cinza da madrugada por trás das persianas. Olha em volta, e para baixo, e verifica primeiro que está completamente nu, depois que há uma mulher morena também nua e adormecida, os cabelos desgrenhados espalhados sobre as almofadas indianas embaixo da janela.

                                           Sequência 3

Abrir a porta sem ruído, cuidado para que o metal da chave no metal da fechadura não grite agudo acordando os outros. Tira os sapatos, o corpo vacila, arrota, a mão vai roçando pela parede fria até o corrimão: dezenove graus, anos de aprendizagem. Dentro do escuro, o retângulo mais claro da porta do banheiro. Acende a luz, mas não é necessário, luz cinza forte que vara as frestas. No espelho cabelos caindo, olhos inchados na cara branca, a culpa é deles que deixaram tudo torto assim ou é a gente mesmo que está envelhecendo sem achar outra coisa, hein, cara? Abrir o chuveiro, a água pinga gotas geladas contra os mosaicos do piso, harmonizando primeiro com as batidas do coração, depois com as contrações do estômago. Levanta a tampa cor-de-rosa da privada, num salto o estômago sobe até a garganta escura ardida de cigarros, de palavras, de cervejas. Apenas curva a parte superior do corpo, e vai caindo devagar, os braços enlaçando a louça colorida como se fosse o corpo de Sonia Braga, cabeça enfiada no vasp, dedo na garganta. Bem fundo – imaginar, imaginar -,bem fundo. Então vomita vomita vomita vomita vomita vomita vomita. Sete vezes, feito um ritual.
Amanhã tem mais.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Hoje eu vou deitar mais cedo que é pra ver se tem alguma estrela faltando no céu e eu não vou cruzar os dedos que é pra ter certeza que eu não menti.



Vera Loca

domingo, 11 de abril de 2010

Beber é algo emocional.
Faz com que você saia da rotina do dia-a-dia, impede que tudo seja igual.
Arranca você pra fora do seu corpo e de sua mente e joga contra a parede.
Eu tenho a impressão de que beber é uma forma de suicídio
onde você é permitido voltar à vida e começar tudo de novo no dia seguinte.
É como se matar e renascer.
Acho que eu já vivi cerca de dez ou quinze mil vidas.


Charles Bukowski

sexta-feira, 9 de abril de 2010


"Acho que a gente tem que vencer. Ou lutar. E ficar bem. Feliz. Criar. Fazer. Se mexer."



Caio F.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

-Já lhe disse que abriria mão de toda a tecnologia existente no mundo se eu tivesse você em meus braços agora?
-Já.
-Já lhe disse, que sem a tecnologia não teríamos nos encontrado?
-Já.
-Já lhe disse que o amo?
-Já.
-Já me disseste que me amas também?
-Já, e já disse que eu estou com sono?
-Já.
-Me abraça.
-Não dá. To com sono.
-Te amo.
-... também.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Eram três.
Chegaram de mansinho, procurando comida. Ofereci-lhes leite, pão e carne.
A carne acabou. Dois, nem se importaram, continuaram bebendo leite e comendo os pedaços de pão que eu tinha picado. Só ele ficou lá, estático olhando pra porta pra ver se eu voltava. Ele queria que eu voltasse.
Ou talvez quisesse só a carne.

Faminto. Estático.

Mas eu não podia voltar. Estava mais faminto que todos eles juntos.
Eu gritava, latia, miava. Mas ninguém me ouvia. Ninguém me ouve.
Anseio por pão, leite e carne. Anseio por carinho, atenção e amor. Assim como eles.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Caio F.

Era isso — aquela outra vida, inesperadamente misturada à minha, olhando a minha opaca vida com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava: uma pequena epifania. Em seguida vieram o tempo, a distância, a poeira soprando. Mas eu trouxe de lá a memória de qualquer coisa macia que tem me alimentado nestes dias seguintes de ausência e fome. Sobretudo à noite, aos domingos. Recuperei um jeito de fumar olhando para trás das janelas, vendo o que ninguém veria. 

segunda-feira, 5 de abril de 2010

All Apologies

Fazer o que se ele é meu remédio, meu vício?
Sem ele enlouqueço, fico doente.
Preciso dele tanto quanto preciso de ar.
Preciso sentir o coração bater forte e as pernas ficarem trêmulas enquanto ele me diz que sou ingênua demais.
Preciso, outra vez, visitar constelações.
Preciso ser o coração, o sangue, a alma e o corpo.

Antes de tudo e mais nada


A noite nem havia sido tão longa, mas no meio fio se encontravam dois jovens. Meio bêbados, meio sóbrios. Meio pilhados, meio sonolentos.
Não que tenha sido só pouca coisa o que aconteceu. Longe disso. Por isso mesmo estavam cansados.
Ela, com seu casaco preto de algodão enorme, estava encostada nele. Discreto. Jeans, camiseta de banda e casaco sem nada demais.
Ela ainda carregava uma lata de cerveja, embora seu hálito ainda carregasse o mesmo cheiro de melancia de sempre. E era por isso que eles sempre terminavam a noite juntos.
Eles murmuravam perguntas, respostas e comentários um para o outro. De vez em quando se ouvia alguma risada.
Não havia nada demais ali.
Somente um casal de amigos: ela, do cabelo rosa claro descolorido, com um casaco gigante, maquiagem pesada nos olhos e hálito de morango. E ele, cabelo preto bagunçado, olhos castanhos amendoados, pele mulata, voz cálida e um abraço capaz de te engolir.
Ninguém nunca ousara pensar algo mais deles, muito menos os dois.
Era antes de tudo e mais nada, uma amizade. Não era a maior, mas a mais simples e menos confusa, ou complicada.
Winola Weiss

domingo, 4 de abril de 2010

Eu poderia estar nua naquele vento geladíssimo e mesmo assim, a dor seria menor que a de ter que me despedir de você.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Mas rapazes e moças assim não costumam deixar rastros, e ambos já tinham sumido em suas esquinas de ladeiras súbitas e calçadas maltratadas.






Caio F.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

E agora meu amor, estou indo buscar você
meu sonho se realizou, vou te ter aqui perto de mim..
lalalala