terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Inferno.

          Qualquer coisa estaria bom pra ela. Não se importava se era mais um ou o último deles. Só não queria ir se apagando aos poucos, o que de fato estava acontecendo.Ele se vestiu e saiu pra comprar cigarros, ela saiu da cama e foi pro chão, mecher na guitarra dele.Estava com medo, muito medo, pois sabia que mais dia, menos dia ela estaria sozinha denovo.
          Sem mãe nem pai.
          Sem razão pra viver.
          Um inferno.

          Já em casa, ela anotou algum número telefone no vidro da janela, pois gostava de ver a poeira os apagando.Esquentou um café e observou por horas os pássaros que pousavam sob o parapeito da janela.Teve vontade de ser como eles, voando e voando, sem destino, sem conta, sem satisfação.
          Não tinha amigos, não tinha dinheiro e nem um amor.
          A única saída que ela via era pôr um ponto final de vez nessa história. Decidiu que ia se matar. Mas não se matar covardemente como alguns fazem. Ia voar antes.
Foi o que fez, voou. Não morreu, mas iniciou uma nova história.De súbito criou asas como as de anjo e voou junto com os pássaros pro horizonte. Lá ela estava em paz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário